Amar é deixar ir (A mudança de escola)
- Karen Regina Amorim Carmo
- 12 de fev.
- 3 min de leitura
Eu deixei minha filha ir...
Priorizei sua educação, sua relação com o pai
Preferi acreditar que o melhor lugar para ela não era necessariamente comigo, mas com quem cuidasse e amasse ela como eu amo.
E isso dói!
Dói saber que provavelmente ela nunca entenderá o que tirá-la das minhas asas significou.
Que esse ato de abnegação materna é uma das maiores provas de amor que poderia dar à ela.
Mas vamos dar o contexto...
Nathalie Marie foi minha filha planejada, sonhada, aguardada.
Viveu durante os primeiros 3 anos de vida comigo sob meus inteiros cuidados.
7 meses entre licença maternidade e férias
1 ano de home office pré estabelecido com a chefia, que se perdurou por conta da pandemia.
Ao final desses 3 primeiros anos de vida, me divorciei do pai dela.
E apesar do divórcio, seguimos tendo um relacionamento de muito respeito entre nós por conta dela.
Comecei a me relacionar com meu atual companheiro, engravidei logo de cara das gêmeas e o pai dela iniciou um novo relacionamento com alguém que não só conhecia, mas já gostava muito da Nathalie.
Construímos nossas vidas em paralelo e aos 6 anos, a Nathalie teve a sorte de ser sorteada para ocupar uma vaga em uma escola sensacional, mas perto da casa do pai e não da minha.
Busquei com muito afinco encontrar formas que possibilitassem uma divisão equânime de tempo dela com ambos os pais, fazendo questão de ela dormir em casa 3x por semana, no mínimo. Mas por questões logísticas e econômicas não foi possível.
E eu precisei ceder para que ela conseguisse estudar nessa escola e também para que ela fortalecesse o vínculo com o pai e a madrasta.
Como eu disse, todos nos respeitamos... Tanto meu ex quanto meu atual companheiro, eu com a atual companheira do meu ex e vice e versa.
Em nome da saúde mental e psicológica da nossa filha, não nos atacamos, alinhamos questões educacionais e familiares, tudo para garantir o melhor ambiente familiar para ela.
Mas nem tudo é perfeito e neste momento, vivenciamos a fase adaptativa e de estabelecimento de limites pra essa realidade...
Quando está lá, ela quer vir pra cá.
Quando está aqui, quer estar lá.
Tem dia que só quer o papai.
Tem dia que só quer a mamãe.
Tem dia que quer que o padrasto a coloque para dormir.
Tem dia que só aceita que a madrasta arrume seu cabelo.
Ter pais separados não é o melhor cenário do ponto de vista da criança, mas no nosso caso está longe de ser o pior.
Somos a exceção em uma nação que convive com altos índices de abandono paterno ou disputas familiares que colocam os filhos no meio de todo o conflito.
Mas eu sei que muito disso é fruto das escolhas diárias que faço para viver aquilo que prego.
Hoje em dia, falo profissionalmente sobre relações familiares saudáveis, sobre Parentalidade Positiva, sobre mediação de conflitos e todos esses assuntos permeiam essa dinâmica familiar.
O ponto é que nada disso afasta a angústia de não ter a sua filha por perto, sendo cuidada por você, aconchegada em seus braços na hora de dormir.
Quando mais nova, li sobre segurar um punhado de areia nas mãos. Se abrir demais as mãos, elas escorrem pelos lados, se apertar demais, elas escapam por baixo. Ou seja, para manter esse punhado consigo, é preciso encontrar a medida entre apertar e soltar.
É assim que me sinto.
Nathalie continua convivendo conosco. Terças e quintas a busco depois da escola, ela janta e toma banho comigo. Nesses dias sou a responsável pela lição de casa e ela tem a oportunidade de conviver com as irmãs, avós e padrasto.
Além disso, um final de semana ela passa comigo e outro com o pai.
A gente se ajustou. Ou estamos nos ajustando.
E é por ela.
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