O que você encontra no Capítulo 2

A tocaia ao intruso: O princípio da iniciação

O BARBA-AZUL

Conhecido por ser um homem terrível, Barba-Azul corteja três irmãs. A mais nova se convence da bondade do homem e casa-se com ele, sendo proibida de abrir apenas uma porta, mas curiosa, abre o cômodo e depara-se com os ossos das ex-esposas de Barba-Azul. Após trancar a porta, a chave começa a sangrar. Ao descobrir a "traição", o homem tenta matá-la, sendo detida pelos irmãos da esposa que o matam.

O PREDADOR NATURAL DA PSIQUE

Clarisse discute acerca das forças predatórias externas e internas sabotadoras, personificadas na figura do Barba-azul, que age se beneficiando do esmagamento da natureza instintiva da mulher.

"Todas as criaturas precisam aprender que existem predadores. Sem esse conhecimento, a mulher será incapaz de se movimentar com segurança dentro de sua própria floresta sem ser devorada." p 37

A MULHER INGÊNUA COMO PRESA

Não a toa é a irmã mais nova a ser ludibriada pelo predador. Representando o potencial criativo da psique, a mulher ingênua aceita se tornar a presa por não estar com seus instintos intactos.

"A irmã mais nova na história não é só ingênua quanto aos seus próprios processos mentais e totalmente ignorante quanto ao aspecto assassino da sua própria psique, mas é também capaz de ser seduzida pelos prazeres do ego." p. 38

A IMPORTÂNCIA DE FAREJAR

Se na história Barba-Azul é o predador, a chave é o elemento que traz a consciência e a porta, a barreira psíquica que lhe nega o acesso à intuição. À mulher, historicamente, foi negado o atributo da curiosidade. Para haver libertação, precisamos saber fazer a pergunta certa.

O NOIVO ANIMAL

Mesmo que não queira dar ouvidos à intuição, a chave que sangra demarca a perda da energia da vida que esvaiará até que se reconheça a real natureza do predador. Uma vez reconhecida, é quase impossível suportar toda a autodestruição e entorpecimento a qual estava submetida.

"Quando as mulheres abrem as portas das suas próprias vidas e examinam o massacre nesses cantos remotos, na maior parte das vezes elas descobrem que estiveram permitindo o assassinato de seus sonhos, objetivos e esperanças mais cruciais." p. 42

CHEIRO DE SANGUE

O sangue representa o extermínio dos aspectos mais profundos e íntimos da vida criativa e da alma. Mesmo que se queira escondê-lo, não é mais possível, porém, é a insistência do sangue na chave que faz com que a psique grave o que viu. Deve-se, portanto, registrar tudo conscientemente, manter na consciência, e depois agir.

"O trabalho mais profundo é geralmente o mais sombrio. Uma mulher corajosa, uma mulher que procura ser sábia, irá urbanizar os terrenos psíquicos mais pobres. [...] não tenha medo de investigar o pior. Isso só lhe garante um aumento no poder da sua alma." p. 45

COMO DAR O GRITO

Os irmãos representam a força interior da mulher que sabe agir quando chega a hora. As irmãs mais velhas, se tornaram os olhos que preveem a invocação da natureza combativa. Clarisse esclarece que é a junção do animus e da anima bem desenvolvidos que permite à mulher manifestar suas ideias e trabalho criativo de modo concreto.

"Animus: elemento em parte mortal, em parte instintual, e em parte cultural da psique da mulher que se apresenta na simbologia na figura do filho, marido, estranho e/ou amante." p. 48

OS DEVORADORES DE PECADOS

"No final da história, o corpo do Barba-azul é deixado para que os devoradores de carne o levem embora. Esse ato de devorar pecados e pecadores constitui um processo de individuação para os seres mais abjetos da psique. [...] Ao derrotá-lo, a mulher está livre para encontrar respostas verdadeiras, para absorver os poderes daquilo que a assolou e para dar-lhes os usos que lhe forem mais convenientes. Assim é a mulher selvagem." p. 51

O HOMEM SINISTRO

Clarisse finaliza o capítulo nos apresentando o homem sinistro que aparece recorrentemente nos sonhos das mulheres. Para ela, esse tipo de sonho é um indicador do despertar da consciência feminina quanto ao predador psíquico.

"A ameaça do homem sinistro serve como advertência para todas nós — se você não prestar atenção aos seus tesouros, eles lhe serão roubados." p. 55

By Macabéa - Clube de Leitura