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O que você encontra no Capítulo 4

O parceiro: A união com o outro


UM HINO PARA O HOMEM SELVAGEM: MANAWEE

Manawee era um homem que cortejava duas irmãs cujos os nomes precisava descobrir para poder desposá-las. Depois de muitas tentativas frustradas, Manawee leva seu cachorro ao encontro de ambas. Por não ter descoberto novamente, o cachorro de Manawee volta à choupana das irmãs e as escuta chamarem-se pelos seus respectivos nomes. Determinado a passar a informação ao dono, o cachorro volta correndo, porém é distraído em 3 oportunidades, tendo que ir e voltar para relembrar seus nomes. Em seu retorno, o cão é surpreendido por um estranho que o agarra e o sacode exigindo que lhe falasse os nomes das irmãs. O cão entretanto luta bravamente e volta ao dono com a informação. Após cuidar do cãozinho, Manawee vai até o pai das gêmeas com os nomes certos e casa com ambas.


A NATUREZA DUAL DAS MULHERES


"Para conquistar o coração de uma Mulher Selvagem, seu parceiro deve entender profundamente sua dualidade natural." p. 89


Na perspectiva arquetípica, as irmãs representam duas poderosas forças femininas em uma única mulher. Um ser exterior e um interior, que muitas vezes carregam elementos contraditórios entre si. O segredo exposto no conto é que essas "duas-mulheres-que-são-uma", são elementos associados, por mais que separados e podem se combinar em milhares de formas.


A FORÇA DE SER DOIS

Por mais que represente entidades separadas, com diferentes funções e capacidades, ambas devem funcionar como uma, tendo conhecimento de uma sobre a outra. Se escondemos um dos lados ou privilegiamos demais apenas um, tendemos a ter uma vida desequilibrada. Quando unimos ambos os lados, além de termos acesso a um poder tremendo, não podemos ser fragmentados. O que faz com que separemos essas duas naturezas são as perdas dos poderes psicológicos, emocionais e espirituais. O próprio Manawee possui sua natureza dual, sendo um lado humano e outro cachorro. Apenas sua natureza humana não lhe garante sucesso. Somente quando se une ao seu lado instintivo e selvagem que consegue acesso ao segredo das irmãs. Quando une ambos, supera as seduções superficiais e retém os conhecimentos importantes.


O PODER DO NOME

Em diversas culturas, o nome é carregado de significado e saber o verdadeiro nome de uma pessoa representa conhecer atributos da alma daquela pessoa. Ou seja, proteger o nome é dar proteção ao seu dono. No conto de Manawee, conhecer o nome representa adquirir consciência acerca da natureza dual e retê-la, pois é impossível ter um relacionamento em profundidade sem conhecimento dos nomes. O pai age como o guardião do segredo que simboliza uma característica que garante a integridade do que deve permanecer junto.


"Uma psique saudável que contenha um guardião paternal não aceita simplesmente qualquer pensamento, atitude ou pessoa, apenas aquelas que são sensíveis ou que se esforçam para sê-lo." p. 93


Guarde os nomes; os nomes são tudo.


A NATUREZA TENAZ DO CACHORRO

O cãozinho de Manawee representa a natureza dos bosques, aquele que sabe rastrear, que pressente o que é o quê. O cão simpatiza com as irmãs porque elas, o feminino místico, o alimentam, sorriem e o aceitam. O cão ouve fora da faixa de audição "humana", ele registra sons que não somos capazes de captar. Ao dar vazão ao lado cão, o aspecto mediúnico da psique instintiva capta pela intuição a atividade profunda, os mistérios da psique feminina. É essa natureza que tem a capacidade de compreender a natureza selvagem nas mulheres.


A SEDUÇÃO FURTIVA DOS APETITES

É natural que ao nos esforçarmos para descobrir o lado mais profundo de nossa própria natureza, tenhamos a atenção desviada por inúmeras razões. Os apetites, como acontece com o cãozinho, atuam como ladrões dedicados ao roubo do tempo e da libido. Jung alerta sobre a necessidade de impor algum controle aos apetites humanos. E mesmo que falhemos repetidas vezes, precisamos tentar de novo para não perder de vista o objetivo principal, que é alcançar a natureza selvagem.


"Começamos a compreender que esse processo de nos mantermos conscientes, e em especial de não ceder a apetites perturbadores enquanto tentamos realizar a conexão psíquica, é longo e que é difícil manter a fidelidade a ele." p. 95


A CONQUISTA DA FEROCIDADE

O despertar da consciência da psique ocorre quando mesmo tentados pelos apetites, os ignoramos. A psique instintiva aprendeu, portanto, a se controlar, a fixar prioridades e a concentrar atenção, estando determinada. Quando chegamos a esse nível, surge das sombras o "estranho sinistro", que não se importa com a dualidade ou com as nuances sutis da psique. Para ele, o feminino é um objeto a ser conquistado. Ele pode representar tanto uma pessoa verdadeira no mundo exterior quanto um complexo negativo interno. O que importa é efeito devastador que ele ocasiona, buscando que nos esqueçamos de quem somos.


"Às vezes o único meio de aprendermos a nos manter fiéis ao nosso conhecimento profundo resulta do surgimento desse estranho à nossa frente. Somos, então, forçadas a lutar pelo que prezamos, [...] lutar para terminar o que iniciamos." p. 96


A MULHER INTERIOR

Por vezes desejamos que nossos parceiros nos compreendam, mas para que isso ocorra, devemos provocar duas questões: "O que você quer?" e "O que deseja seu self mais profundo?". Quando ignora-se a natureza dual e julga-se apenas o que está aparente, quando o eu primitivo emerge das profundezas e começa a se afirmar é frequente que se manifeste interesses, sentimentos e ideias diversos. Devemos aprender a reunir as forças dos dois lados da nossa natureza e da dos outros também. É a partir das informações que recebemos reciprocamente dos dois lados que podemos determinar com clareza o que é mais valorizado e como devemos reagir de acordo com isso.


"O companheiro certo para a Mulher Selvagem é aquele que tem uma profunda tenacidade e resistência de alma[...]. O bom partido é aquele que insiste em voltar para tentar entender, é o que não se deixa dissuadir." p. 97



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by Macabéa - Clube de Leitura



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Dualidades Literárias 

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